quarta-feira, novembro 26

Tinha até uns negócios pra escrever mas deixa pra lá, fica pra próxima. Limitar-me-ei a informar o meu ranking dos álbuns do Belle & Sebastian (inspirado por um tópico que vi no fórum da banda).

1. If you're feeling sinister
2. Tigermilk
3. Fold your hands child
4. The boy with the arab strap
5. Storytelling
6. Dear catastrophe waitress

sábado, novembro 15

Fiz o sinal pro ônibus e ele, como não podia deixar de ser, parou. Antes que o motorista arrancasse, subi os dois degraus rapidamente e livrei-me de um provável traumatismo craniano. Paguei a passagem, recebi o troco e sentei-me, como de hábito, perto do corredor na fileira da direita. Felizmente esses lugares específicos estavam vagos, porque uma coisa que eu detesto é entrar no ônibus e encontrá-los ocupados. Sinto-me completamente deslocado do lado esquerdo. Que foi? Qual é o problema em ser metódico? Que eu saiba não é crime... ainda. Aviso importante: se você, abnegado visitante, leu este texto até aqui por acreditar que ele tem algum propósito, vá tirando o cavalinho da chuva. Naquela ensolarada tarde de sexta, fiz um trajeto relativamente curto. Mesmo assim, a tranqüilidade da viagem foi abalada pela entrada em cena de três ambulantes. Um de cada vez, é claro. O primeiro vendia paçocas e, pobre infeliz, fracassou miseravelmente na tentativa de convencer os passageiros a retirar o escorpião do bolso. Na seqüência veio o vendedor de canetas. Um real cada. Pessoalmente, achei as canetas pavorosas, muito berrantes, mas houve uma senhora que discordou do meu ponto de vista. Certamente não resistiu à lábia do vendedor. Este, diante do fato consumado, retirou uma caneta da caixa e passou a testá-la rabiscando um pedaço de papel. Admito, a longa duração do teste chegou a me angustiar; a caneta, sofisticadíssima, tinha três ou quatro cores (fico devendo a informação precisa). Confirmada a qualidade do produto, só então o cioso vendedor permitiu-se recolher a amarrotada nota de 1 real. É meu triste dever informar que coube ao derradeiro ambulante, o homem das bananadas, partilhar do mesmo destino do vendedor de paçocas. O fracasso comercial de ambos é uma questão que ainda me intriga. Teria o forte calor daquela tarde desestimulado a demanda por esse tipo de iguaria? Acho que nunca saberemos a resposta. De qualquer forma, toda essa experiência serviu para me dar uma brilhante idéia: estou pensando em propôr a criação de um novo índice para medir a atividade econômica do nosso país. Ele seria obtido através de uma equação que envolveria a distância percorrida pelo ônibus, o número de ambulantes presentes e o total de produtos vendidos (com pesos diferenciados para os comestíveis, cujo desempenho é influenciado por fatores sazonais). Morda-se de inveja, FGV.

sábado, novembro 1

A julgar pelas críticas elogiosas que li a respeito do novo disco do Belle & Sebastian, sou, muito provavelmente, o único ser vivo na face da Terra que detestou o "Dear catastrophe waitress". Fiquei com a sensação de ouvir um grande pastiche em cima da música pop dos anos 60 e 70. Não sei quanto a vocês (?), mas eu preferia quando os escoceses emulavam Love, Donovan, Nick Drake... ao menos passava mais sinceridade. Mal consigo escutar o disco direito, o dedo logo coça para apertar o skip no controle. Step into my office, baby é uma bobagem na linha de Legal man e Scooby driver, serve como b-side de single, nunca para abrir um álbum. Impossível não ranger os dentes quando o Stuart Murdoch começa, no pior estilo Motown, a cantar em falsete ao fim de cada estrofe em If she wants me. A insossa Asleep on a sunbeam, novo tiro n'água da Sarah Martin, é a prova definitiva de que Waiting for the moon to rise foi um aborto da natureza. Eu juro, toda vez que escuto a medonha introdução de You don't send me sinto vontade de atirar o som pela janela (por sorte a janela do meu quarto é apenas metafórica). Roy Walker só pode ser coisa do Stevie Jackson, o responsável por músicas (sic) como Chickfactor, Seymour Stein e Beyond the sunrise. Quanto às composições não sei dizer, mas os vocais de apoio da Isobel fazem uma falta danada. E que fim terão levado aqueles magníficos e tradicionais solos de trompete? Lord Anthony e Dear catastrophe waitress são canções razoáveis, talvez subam no meu conceito com o tempo, e ainda não decidi se gosto ou desgosto da estranha Stay loose. A única faixa realmente digna de elogios, apesar do título oportunista, é Piazza, New York catcher. Tão boa que mereceria um lugar até no perfeito "If you're feeling sinister" (de lá pra cá foi ladeira abaixo).